Tem um lance no vegetarianismo que acho difícil explicar para quem come carne. Estou falando da sutilização. Um monte de coisa fica mais sutil depois que a pessoa para de se intoxicar com bichos mortos temperados.
Se o vegetariano não é do tipo “trasheiro”, que só come carboidrato e açúcar, a primeira coisa que se sutiliza é o paladar. Quando você troca carnes por vegetais, é natural que com o tempo suas papilas gustativas se sensibilizem mais (ou ainda mais). Com isso, você passa a sentir de um jeito diferente o sabor de um monte de ingredientes, como temperos e vegetais que, em alguns casos, só são descobertos depois do vegetarianismo.
Antes de me tornar vegetariana, por exemplo, eu nunca tinha colocado curry na minha comida, usava muito mais sal do que uso hoje, adorava açúcar branco (coisa que hoje não consigo suportar mais), não sabia o que era tahine, nunca tinha ouvido falar em tempeh e jamais pensei em misturar hortelã com abobrinha. Meu conhecimento, imaginação e habilidade na cozinha eram bem limitados, admito.
Os mais espiritualizados dizem também que depois do vegetarianismo há uma sutilização da alma e da energia que gira em torno da pessoa. Ok, talvez os mais céticos não concordem comigo nesse ponto, até porque o que não falta é vegano rabugento e encrenqueiro por aí. Mas o fato é que há séculos o vegetarianismo é visto como uma ferramenta importante para alcançar a elevação espiritual. No entendimento de muitos monges, mestres e pessoas espiritualizadas que falam sobre o assunto, a exclusão das carnes é capaz de mudar a frequência energética da pessoa, facilitando processos de autoconhecimento, como a meditação.
O mestre espiritual búlgaro Omraam Mikhael Aïvanhov, autor do livro O yoga da alimentação (Prosveta), por exemplo, dizia que tirar a vida dos animais é uma grande responsabilidade espiritual.
Matando os animais para se alimentar, tira-se não só suas vidas, mas também a possibilidade de evoluírem, explica Omraam Mikhael em seu livro.
Os animais possuem alma e, embora ela não seja similar àquela dos homens, quem come carnes é obrigado a suportar a presença dessas almas. Essa presença se manifesta com comportamentos que pertencem ao mundo animal.
Por isso, um homem (que se alimenta de carne) encontra dificuldade em desenvolver o seu Eu interior, porque as células animais, que têm vontades contrárias à do homem, não obedecem ao seu anseio. Isso explica como muitas manifestações dos homens não pertencem em realidade ao reino humano, mas sim ao reino animal.
Óbvio, não posso dizer pra você que minha alma está mais sutil depois do vegetarianismo, mas confesso que sinto um certo alívio espiritual quando paro pra pensar que nenhum animal precisou sentir medo, angústia, dor e sofrimento para que eu pudesse me alimentar. Antes que alguém questione, digo já: não, meus vegetais não sentem angústia porque não têm sistema nervoso central desenvolvido.
Independentemente das nossas crenças (ou não crenças), quando faço uma receita como esse refogado de grão-de-bico com berinjela, meu prazer é duplo porque vejo o quanto é fácil e extremamente saboroso se alimentar de forma vegetariana.
Refogado de grão-de-bico com berinjela
Ingredientes
1 kg de berinjela pequena fatiada em rodelas de meio centímetro
Sal a gosto
4 colheres (sopa) de azeite de oliva
1 cebola grande fatiada em rodelas finas
2 alhos amassados
1 ½ colher de chá de cominho em pó
½ colher de chá de páprica doce
⅛ colher de chá de pimenta-caiena
2 xícaras de tomates frescos (descascados e picados)
1 ¾ xícara de grão-de-bico cozido e escorrido
Folhas frescas de hortelã a gosto
Preparo
Estou terminando de ler seu livro e acabei descobrindo o blog… Adorei o texto e a receita, cada vez me convenço que este é o caminho…. Parabéns e um grande abraço!
CurtirCurtir
Que delícia ler sua mensagem, Rafaella. É muito bom saber que meu livro tem ajudado pessoas como você. Obrigada!
CurtirCurtir
Que fome que me deu, Samira! Estava com saudades dos seus textos. 😊
CurtirCurtir
Maila querida, essa receita vale muito a pena fazer. É boa demais!
É, demorei por causa de um monte de coisa.. Férias, estudos, aulas, preguiça, falta de tempo pra cozinhar direito. Vou tentar fazer um post toda segunda, tá? Quando você vem pra Milão pra gente tomar um café? Beijo!
CurtirCurtir